quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O Desejo de Criar

Diotima: Qual é, Sócrates, na sua opinião, a causa deste amor, deste desejo? Você já observou em que estranha crise se encontram todos os animais, os que voam e os que marcham, quando são tomados pelo desejo de procriar? Como ficam doentes e possuídos de desejo, primeiro no momento de se ligarem, depois, quando se torna necessário alimentar os filhos? (... ) Tanto no caso dos humanos como no dos animais, a natureza mortal busca, na medida do possível, perpetuar-se e imortalizar-se. Apenas desse modo, por meio da procriação, a natureza mortal é capaz da imortalidade, deixando sempre um jovem no lugar do velho. [... ] Pois saiba, Sócrates, que o mesmo vale para a ambição dos homens. Você ficará assombrado com a sua misteriosa irracionalidade, a não ser que compreenda o que eu disse, e reflita sobre o que se passa com eles quando são tomados pela ambição e pelo desejo de glória eterna. É pela fama, mais ainda que pelos seus filhos, que eles se dispõem a encarar todos os riscos, suportar fadigas, esbanjar fortunas e até mesmo sacrificar as suas vidas. [... ] Aqueles cujo instinto criador é físico recorrem de preferência às mulheres e revelam o seu amor dessa maneira, acreditando que pela geração de filhos se podem assegurar da imortalidade e de uma recordação perene de si. Mas existem alguns cujo instinto criador se aloja na alma e que desejam procriar não pelo corpo, mas espiritualmente, gerando filhos que são próprios da natureza da alma conceber e dar à luz. E o que é próprio da natureza da alma procriar? A sabedoria e as virtudes em geral, cujos progenitores são os poetas e os criadores fecundos.

Platão, em 'O Banquete'

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O Solitário

As observações e as vivências do solitário que só fala consigo próprio são simultaneamente mais indistintas e intensas do que as do homem social e os seus pensamentos são mais graves, mais fantasiosos e nunca sem uma coloração de melancolia. Imagens e impressões que outros poriam naturalmente de lado após um olhar, um sorriso, um comentário, ocupam-no mais do que é devido, tornam-se profundas no silêncio, ganham significado, transformam-se em acontecimento, aventura, emoção. A solidão cria o original, o belo ousado e estranho cria a poesia. Mas cria também o distorcido, o desproporcionado, o absurdo e o proibido.

Thomas Mann, em "Morte em Veneza"

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

"Morrer pela liberdade é mais nobre do que viver à sombra da débil submissão, pois aquele que abraça a morte com a espada da verdade na mão se eternizará com a eternidade da verdade,pois a vida é mais fraca que a morte,e a morte é mais fraca que a verdade".
Gibran Khalil, em 'MORTO ESTÁ MEU POVO'

***

MORTO ESTÁ MEU POVO
(escrito no exílio durante a fome na Síria)

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Meu povo se foi, mas eu ainda existo,
lamentando-o em minha solidão...
Mortos estão meus amigos,
e em sua morte minha vida nada é
senão um grande desastre.

As colinas de meu país estão submersas
em lágrimas e em sangue,
pois meu povo e meus seres amados se foram,
e eu estou aqui
vivendo como vivia quando meu povo e meus seres amados
estavam gozando a vida e a dádiva da vida,
e quando as colinas de meu país
estavam abençoadas
e mergulhadas na luz do Sol.

Meu povo morreu de fome
e os que não pereceram de inanição
foram massacrados pela espada.
E eu estou aqui, nesta terra distante,
vagando no meio de um povo alegre
que dorme sobre camas macias
e sorri para os dias,
enquanto os dias sorriem para as pessoas.

Meu povo morreu de uma morte sofrida e vergonhosa,
e aqui estou eu, vivendo na fartura e na paz...
Esta é a funda tragédia sempre encenada
sobre o palco de meu coração
Poucos se importariam em assistir a esse drama,
pois meu povo é como os pássaros
com asas quebradas, deixados para trás pelo bando.

Se eu estivesse esfaimado
e vivendo no meio do meu povo faminto,
e perseguido no meio de meus conterrâneos oprimidos,
o fardo dos dias negros seria mais leve
sobre meus sonhos inquietos,
e a escuridão da noite seria menos escura
diante de meus olhos ocos,
de meu coração em pranto, de minha alma ferida.
Pois aquele que compartilha
as dores e a agonia de seu povo
sentirá um conforto supremo,
criado somente pelo sofrimento no sacrifício.
E estará em paz consigo mesmo
quando morrer inocente com seus amigos inocentes.

Mas não estou vivendo com meu povo faminto e perseguido,
povo que caminha em procissão de morte rumo ao martírio...
Estou aqui, do outro lado do oceano largo,
vivendo à sombra da tranqüilidade
e ao brilho solar da paz...
Estou diante da arena terrível e dos desgraçados
e não posso me orgulhar,
nem sequer de minhas próprias lágrimas.

O que pode fazer um filho exilado por seu povo moribundo,
e qual o valor para este povo
da lamentação de um poeta ausente?

Se eu fosse uma espiga de trigo crescida na terra de meu país,
a criança faminta me arrancaria
e com meus grãos afastaria de sua alma
a mão da morte
Se eu fosse um fruto maduro no pomar de meu país,
a mulher esfomeada me colheria
e sustentaria sua vida.
Se eu fosse um pássaro voando no céu de meu país,
meu irmão famélico me caçaria
e afastaria, com a carne de meu corpo,
a sombra do túmulo de seu corpo.
Mas, ai de mim!
Não sou um grão de trigo
crescido nas planícies da Síria,
nem uma fruta madura nos vales do Líbano.
Esta é minha desgraça, esta é minha muda calamidade
que traz humilhação à minha alma
diante dos fantasmas da noite...
É a tragédia dolorosa que retesa minha língua,
amarra meus braços e me prende,
usurpado de poder, de vontade e de ação.

É a maldição que arde sobre minha cabeça,
diante de Deus e diante dos homens.

E frequentemente me dizem:
"O desastre de teu país não é nada
ante a calamidade do mundo,
e as lágrimas e o sangue vertidos por teu povo
não se comparam aos rios de sangue e lágrimas
derramados a cada dia e cada noite
nos vales e planícies da Terra..."

Sim, mas a morte de meu povo
é uma acusação silenciosa, é um crime
concebido pelas cabeças de serpentes invisíveis...
É uma tragédia sem música e sem cenário...
E se meu povo tivesse atacado os déspotas
e opressores e morrido como rebelde
eu teria dito: "Morrer pela liberdade é mais nobre
do que viver à sombra da débil submissão,
pois aquele que abraça a morte com a espada da verdade na mão
se eternizará com a eternidade da verdade,
pois a vida é mais fraca que a morte,
e a morte é mais fraca que a verdade".

Se minha nação tivesse participado
da guerra de todas as nações
e tivesse morrido no campo de batalha,
eu diria que a tempestade furiosa, com seu poder,
quebrara os ramos verde,
e a morte violenta sob o pálio da tempestade
é mais nobre do que o perecimento vagaroso
nos braços da senilidade.
Mas não houve resgate das mandíbulas fechadas...
Meu povo caiu e chorou com o lamento dos anjos.

Se um terremoto tivesse rasgado meu país em pedaços
e se a terra tivesse engolido meu povo em seu seio
eu teria dito: "Uma lei grande e misteriosa
foi acionada pela vontade da força divina,
e seria uma insanidade se nós, frágeis mortais,
nos arriscássemos a sondar seus segredos profundos..."
Mas meu povo não morreu em rebelião,
não foi morto no campo de batalha,
nem um terremoto abalou meu país e devorou meu povo.
A morte foi seu único resgate
e a fome foi seu único despojo.

Meu povo morreu na cruz...
Morreu enquanto suas mãos
se estendiam para o Oriente e para o Ocidente,
enquanto o que restava de seus olhos
ficava na escuridão do firmamento...
Morreu em silêncio,
pois a Humanidade tinha fechado seus ouvidos
ao lamento de meu povo.
Morreu porque não compactuou com o inimigo
Morreu porque amava seus vizinhos
Morreu porque confiou em toda a humanidade
Morreu porque não oprimiu seus opressores
Morreu por ter sido as flores esmagadas
e não os pés esmagadores
Morreu porque era obreiro da paz
Morreu de fome numa terra rica de leite e mel
Morreu porque os monstros do inferno se ergueram
e destruíram tudo o que crescia nos campos
e devoraram as últimas provisões dos celeiros...
Morreu porque as víboras e os filhos das víboras
cuspiram seu veneno por todo o espaço
onde os Cedros Sagrados, as rosas e os jasmins
exalam sua fragrância.

Meu povo e teu povo, meu irmão sírio, estão mortos...
O que se pode fazer pelos que estão morrendo?
Nossa lamentação não aplacará sua fome
e nossas lágrimas não saciarão sua sede
Que podemos fazer para salvá-los
das garras de aço da fome?
Meu irmão, a ternura que te impele
a dar parte de tua vida a qualquer humano
que está prestes a perder sua vida
é a única virtude que te torna digno
da luz do dia e da paz da noite...
Lembra, meu irmão,
que a moeda que deixas cair
na mão ressequida que se estende na tua direção
é a única cadeia de ouro que prende teu rico coração
ao coração amoroso de Deus...

Gibran Khalil Gibran

A Arma Diabólica do Ritual

Sei que muita gente vai detestar essa reflexão, mas como todo ponto de vista bem fundamentado, certo ou errado, merece meu respeito mesmo que não tenha minha real compreenção ou admiração, decidi por postá-la. Desde já comunico que não sou contra ritos com significados que tem por objetivo passar conhecimento, sabedoria e desenvolvimento espiritual.
***

A ânsia pelo ritual e pelas cerimónias é forte e generalizada. Quanto é forte e está largamente espalhada vê-se pelo ardor com que homens e mulheres que não têm nenhuma religião ou têm uma religião puritana sem ritual se agarram a qualquer oportunidade para participarem em cerimónias, sejam elas de que espécie forem. A Ku Klu Klan nunca teria conseguido o seu êxito do pós-guerra se se aferrasse aos trajes civis e às reuniões de comissões. Os Srs. Simmons e Clark, os ressuscitadores daquela notável organização, compreendiam o seu público. Insistiram em estranhas cerimónias noturnas nas quais os trajes de fantasia não eram facultativos mas sim obrigatórios. O número de sócios subiu aos saltos e baldões. O Klan tinha um objetivo: o seu ritual simbolizava alguma coisa. Mas para uma multidão ritofaminta a significação é aparentemente supérflua. A popularidade dos cânticos em comunidade mostram que o rito, como tal, é o que o público quer. Desde que seja impressivo e provoque uma emoção, o rito é bom em si próprio. Não interessa nada o que ele possa significar. À cerimónia dos cânticos em comunidade falta todo o significado filosófico, não tem nenhuma ligação com qualquer sistema de ideias. É simplesmente ela própria e mais nada. Os rituais tradicionais da religião e da vida quotidiana sumiram-se deste mundo vastamente. Mas o seu desaparecimento causou pena. Sempre que as pessoas têm oportunidade, tentam satisfazer a sua fome cerimonial, mesmo que o rito com que a mitigam seja inteiramente destituído de significado.

Aldous Huxley, em "Sobre a Democracia e Outros Estudos"

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Entendimento Influenciado pela Vontade

Na ciência de julgar, alguma vez é desculpável o erro do entendimento, o da vontade nunca; como se o entender mal não fosse crime, erro sim; ou como se houvesse uma grande diferença entre o erro, e o crime: o entendimento pode errar, porém só a vontade pode delinquir. Assim se desculpam comummente os julgadores, mas é porque não veem, que o que dizem que procedeu do entendimento, se bem se ponderar, procedeu unicamente da vontade. É um parto suposto, cuja origem, não é aquela que se dá. Querem os sábios enobrecer o erro, com o fazer vir do entendimento, e com lhe encobrir o vício que trouxe da vontade; mas quem é que deixa de ver, que o nosso entendimento quase sempre se sujeita ao que nós queremos; e que o seu maior empenho, é servir à nossa inclinação; por isso raras vezes se opõe, e o mais em que se ocupa, é em conformar-se de tal sorte ao nosso gosto, que ainda a nós mesmos fique parecendo, que foi resolução do entendimento aquilo que não foi senão ato da vontade.

O entendimento é a parte que temos em nós mais lisonjeira; daqui vem que nem sempre segue a razão, e a justiça, a inclinação sim; inclinamo-nos por vontade, e não por juízo; por amor, e não por inteligência; por eleição do gosto, e não por arbítrio do juízo: as paixões que nos movem, nos inclinam; a todas conhecemos, isto é, sabemos que amamos por amor, que aborrecemos por ódio, que buscamos por interesse, e que desejamos por ambição; mas não sabemos sempre, que também a vaidade nos faz amar, aborrecer, desejar, buscar; daqui vem que o julgador se engana, quando se presume justo, só porque não acha em si, nem amor, nem ódio, nem ambição, nem interesse; mas não vê, que é vaidoso, e que a vaidade basta para o fazer injusto, cruel, tirano. Não vê, que se não tem amor a outrem, tem-no a si; que se não tem ódio ao litigante humilde, tem-no ao poderoso, só porque na opressão deste quer fundar a sua fama; não vê, que se não tem interesse de alguns bens, tem interesse de algum nome; e se não tem ambição das honras, tem ambição da glória de as desprezar; e finalmente não vê, que se lhe falta o desejo da fortuna, sobra-lhe o desejo da reputação. Que mais é necessário para perverter um julgador?

Matias Aires, em 'Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens e Carta Sobre a Fortuna'

domingo, 27 de dezembro de 2009

Considerações sobre a Vingança

A vingança é uma espécie de justiça bárbara, de tal maneira que quanto mais a natureza humana se inclinar para ela, tanto mais a deve a lei exterminá-la. Porque a primeira injúria não faz mais que ofender a lei, ao passo que a vingança da injúria põe a lei fora do seu ofício. De certo, ao exercer a vingança, o homem iguala-se ao inimigo; mas, passando sobre ela, é-lhe superior; porque é próprio do príncipe perdoar. E tenho a certeza de que Salomão disse: É glorioso para um homem desdenhar uma ofensa. O que passou, passou, e é irrevogável; os homens prudentes já têm bastante que fazer com as coisas presentes e vindouras; não devem, portanto, preocupar-se com bagatelas como o trabalhar em coisas pretéritas.

Não há homem que faça o mal pelo mal, mas apenas na perseguição do lucro, do prazer ou da honra, etc. Porque hei de ficar ressentido com alguém, apenas pela razão de que ele mais ama a si próprio do que a mim? E se alguém me fez mal, apenas por pura maldade, então, esse é unicamente como a roseira e o cardo que picam e arranham apenas porque não podem de outra forma proceder. A espécie mais tolerável de vingança ainda é aquela que vai contra ofensas que na lei não encontram remédio; mas, por isso, acautelai-vos, investigando se realmente não haverá para cada ofensa uma punição legal; caso contrário, o vosso inimigo ganhará vantagem, porque aliado à lei, terá dois votos contra vós. Alguns, quando exercem vingança, desejam que a pessoa saiba donde partiu o golpe. Isso é mais generoso, porque o prazer parece estar não tanto em arremessar o golpe como em obrigar o inimigo a arrepender-se, mas os covardes, baixos e vis, são como a seta que voa na escuridão.

Francis Bacon, em 'Ensaios - Da Vingança'

sábado, 26 de dezembro de 2009

O Coração Oco do Homem

Sobrecarregam-se os homens desde a infância com o cuidado da sua honra, do seu bem, dos seus amigos, e ainda com o bem e a honra dos seus amigos. Fatigam-se de afazeres, de aprendizagem de línguas e exercícios, e faz-se-lhes sentir que não poderão ser felizes sem que a sua saúde, a sua honra, a sua fortuna e a dos seus amigos estejam em bom estado e que uma só coisa que faltasse os tornaria desgraçados. Assim dão-se-lhes cargos e negócios que os fazem afadigar-se desde o amanhecer. - Aí está, direis, uma estranha maneira de os tornar felizes!
Que poderia fazer-se de melhor para os tornar desgraçados? - Como! O que se poderia fazer? Bastava apenas tirar-lhes todos estes cuidados; pois então ver-se-iam a si mesmos, pensariam no que são, de onde vêm e para onde vão; e assim não os podem ocupar demais nem desviá-los. E é por isso que, depois de lhes terem preparado tantos afazeres, se têm algum tempo de descanso, os aconselham a empregá-lo a divertir-se, a jogar e a ocupar-se sempre inteiramente.
Como o coração do homem é oco e cheio de imundície!

Blaise Pascal, em "Pensamentos"

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Natal

Então é Natal
E o que você fez?
O ano termina e nasce outra vez...
e blá blá blá blá...

Infelizmente nessa data o chester e o panetone são mais lembrados que o próprio aniversariante!
Logo Ele que morreu por nós e deixou os mais lindos ensinamentos!

Morre M. Jackson e todo ano vão passar um especial com a vida e obra dele. Já Jesus, coitado, deu a vida por nós e olha o que fazemos em memória dele!

Desejo que hoje (e sempre) as pessoas revejam seus valores, domine suas paixões, trabalhem suas virtudes, amem sem egoísmo, pratiquem a caridade sem esperar nada em troca.

"Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! entram no reino dos céus, mas somente aqueles que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus - Muitos, nesse dia, me dirão: Senhor! Senhor! não profetizamos em teu nome? Não expulsamos em teu nome o demônio? Não fizemos muitos milagres em teu nome? -Eu então lhes direi em altas vozes: Afastai-vos de mim, vós que fazeis obras de iniquidade."(S. Mateus, 7:21 a 23.)

Não é a falta de coisas materiais que nos impede de praticar a caridade e o bem, é a falta de consciência. É pelas suas obras que se reconhece o cristão.

Um feliz Natal para todos!
Parabéns para Jesus!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Uma coisinha chata sobre mudança e progresso.

O constante desejo de mudança cega o progresso.
O que há de errado em permanecer com o que está certo?
Por que ninguém nesse mundo fica satisfeito com o que é inerte?

Muitas vezes buscamos melhorar ou piorar o que está bom ou ruim. A sociedade dogmatizou o fato de progresso depender de mudança quando, muitas vezes, a mudança pode fazer voltar ao ponto de partida.

Progredimos sem perceber e nunca estamos satisfeitos. Tentamos mudar e retornamos ao zero. Na tentativa de um passo para frente caminhamos dez para trás. Como Curupira não andamos na direção dos nossos passos muitas vezes, e confundimos a nós mesmos.

Ainda não encontrei uma coisa que devemos querer sempre mais sem que isso nos prejudique. Aceito sugestões!
Conheço pessoa que quis muito mais dinheiro. Conseguindo, seu progresso se afastou do seu objetivo de vida.
Conheço pessoa que quis muito mais amor. Conseguindo, seu progresso se afastou do seu objetivo na vida.
Conheço pessoa que quis muito mais paz. Conseguindo, entrou em guerra com o próprio progresso e se perdeu no objetivo de vida.
Conheço pessoa que quis fazer muito mais caridade. Conseguindo, esqueceu a caridade consigo mesma e deu um passo para frente e outro para trás.

Se a sociedade impõe que é preciso mudar, saiba que tem coisas que não devem ser mudadas, mas valorizadas. Aprender a distinguir o que precisa ser mudado já é uma mudança e um progresso.
***

"O que hoje em nós se extingue voltará sem dúvida a surgir de forma diferente ou subsistirá em outras condições, mais ou menos duradouras." - Eugène Delacroix, em 'Diário'

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

A Firmeza é um Atributo Essencial de Morte

Não somos firmes no amor, porque em nada podemos ser constantes: continuamente nos vai mudando o tempo; uma hora de mais é mais em nós uma mudança. A cada passo que damos no decurso da vida, vamos nascendo de novo, porque a cada passo vamos deixando o que fomos, e começamos a ser outros: cada dia nascemos, porque cada dia mudamos, e quanto mais nascemos desta sorte, tanto mais nos fica perto o fim, que nos espera. A inconstância, que é um ato da alma, ou da vontade, não se faz sem movimento; a natureza não se conserva, e dura, senão porque se muda, e move.

O mundo teve o seu princípio no primeiro impulso, que lhe deu o supremo Artífice; a mesma luz, que é uma bela imagem da Onipotência, toda se compõe de uma matéria trémula, inconstante, e vária. Tudo vive enfim do movimento; a falta de mudança é o mesmo que falta de vida, e de existência, e assim a firmeza é como um atributo essencial de morte.

Matias Aires em 'Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens e Carta Sobre a Fortuna'

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Toda a Sociedade Está dentro de Mim

Fazer qualquer coisa ao contrário do que todos fazem é quase tão mau como fazer qualquer coisa porque todos a fazem. Mostra uma igual preocupação com os outros, uma igual consulta da opinião deles - característica certa da inferioridade absoluta. Abomino por isso a gente como Oscar Wilde e outros que se preocupam com seres imorais ou infames, e com o impingir paradoxos e opiniões delirantes. Nenhum homem superior desce até dar à opinião alheia tal importância que se preocupe em contradizê-la.

Para o homem superior não há outros. Ele é o outro de si próprio. Se quer imitar alguém, é a si próprio que procura imitar. Se quer contradizer alguém, é a si mesmo que busca contradizer. Procura ferir-se, a si próprio, no que de mais íntimo tem... faz partidas às suas próprias opiniões, tem longas conversas cheias de desprezo e com as sensações que sente. Todo o homem que há sou Eu. Toda a sociedade está dentro de mim. Eu sou os meus melhores amigos e os meus verdadeiros inimigos. O resto - o que está lá fora - desde as planícies e os montes até às gentes - tudo isso não é senão paisagem...

Fernando Pessoa, em 'Reflexões Pessoais'

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sobre o Falso

Somos falsos de maneiras diferentes.
Há homens falsos que querem parecer sempre o que não são.
Outros há de melhor fé, que nasceram falsos, se enganam a si próprios o nunca vêem as coisas tal como são. Há alguns cujo espírito é estreito e o gosto falso.
Outros têm o espírito falso, mas alguma correção no gosto.
E ainda há outros que não têm nada de falso, nem no gosto nem no espírito. Estes são muito raros, já que, em geral, não há quase ninguém que não tenha alguma falsidade algures, no espírito ou no gosto.
O que torna essa falsidade tão universal, é que as nossas qualidades são incertas e confusas e a nossa visão também: não vemos as coisas tal como são, avaliamo-las aquém ou além do que elas valem e não as relacionamos conosco da forma que lhes convém e que convém ao nosso estado e às nossas qualidades. Esse erro de cálculo traz consigo um número infinito de falsidades no gosto e no espírito: o nosso amor-próprio lisonjeia-se como tudo que se nos apresenta sob a aparência de bem; mas como há várias formas de bem que sensibilizam a nossa vaidade ou o nosso temperamento, seguimo-las muitas vezes por hábito ou por comodidade; seguimo-las porque os outros as seguem, sem considerar que um mesmo sentimento não deve ser igualmente adotado por toda a espécie de pessoas, e que devemos apegar-nos a ele, mais ou menos profundamente, consoante convém, mais ou menos, àqueles que o seguem.

Em geral, receamos ainda mais mostrar-nos falsos pelo gosto do que pelo espírito. As pessoas de bem devem aprovar sem prevenções o que merece ser aprovado, seguir o que merece se seguido e não se melindrar com nada. Mas nisto é necessário um grande equilíbrio e uma grande justeza; é necessário saber discernir o que é bom em geral e o que nos é próprio, e seguir então a inclinação natural que nos leva ao encontro das coisas que nos agradam. Se os homens se contentassem em ser grandes pelo seu talento e pelo cumprimento dos seus deveres, não haveria nada de falso no seu gosto nem na sua conduta; mostrar-se-iam tal qual são; julgariam as coisas com a inteligência e a elas se apegariam pela razão; haveria equilíbrio nos seus pontos de vista e nos seus sentimentos; o seu gosto seria verdadeiro, viria de si mesmos, não dos outros, e segui-lo-iam por opção, não por costume ou por acaso.
Se somos falsos ao aprovar o que não deve ser aprovado, não o somos menos, ao pretender fazermo-nos valer com qualidades que são boas, mas que nos não convêm: um magistrado é falso quando se gaba de ser valente, embora possa ser ousado em determinadas situações; deve aparentar firmeza e segurança durante uma sedição que lhe compete acalmar, sem recear ser falso, mas tornar-se-ia falso e ridículo se se batesse em duelo. Uma mulher pode gostar de ciências, mas nem todas lhe convêm; obstinar-se em estudar algumas nunca lhe convém e é sempre falso.
É necessário que a razão e o bom senso saibam dar o justo valor às coisas e que elas determinem o nosso gosto a dar-lhes o lugar que merecem e que nos convém dar-lhes; mas quase todos os homens se enganam sobre esse valor e essa importância e há sempre falsidade nessa avaliação.

La Rochefoucauld, em 'Reflexões'

domingo, 20 de dezembro de 2009

Amai-vos...



Amai-vos um ao outro,
mas não façais do amor um grilhão.

Que haja, antes, um mar ondulante
entre as praias de vossa alma.

Enchei a taça um do outro,
mas não bebais da mesma taça.

Dai do vosso pão um ao outro,
mas não comais do mesmo pedaço.

Cantai e dançai juntos,
e sede alegres,mas deixai
cada um de vós estar sozinho.

Assim como as cordas da lira
são separadas e,no entanto,
vibram na mesma harmonia.

Dai vosso coração,
mas não o confieis à guarda um do outro.

Pois somente a mão da Vida
pode conter vosso coração.

E vivei juntos,
mas não vos aconchegueis demasiadamente.

Pois as colunas do templo
erguem-se separadamente.

E o carvalho e o cipreste
não crescem à sombra um do outro.

Gibran Kahlil Gibran

sábado, 19 de dezembro de 2009

Saber Viver

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome…
Auto-estima.

Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia e meu sofrimento emocional não passam de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades.
Hoje sei que isso é…
Autenticidade.

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de…
Amadurecimento.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas
Hoje sei que o nome disso é…
Respeito.

Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável…
Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse pra baixo.
No início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama…
Amor -próprio.

Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos. Abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é…
Simplicidade.

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro.
Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é…
Plenitude.

Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar.
Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é…
Saber viver!!!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sete dias...

Ah!meu pai! 7 dias e já sinto tanta saudade...
Aprendi muito com você...
Sou grata a Deus pela forma que ele te levou e por ter me permitido ficar todo esse tempo com vc, inclusive o seu aniversário dia 10. Até nisso Ele pensou e te levou para perto dele dia 11, assim você pôde ver as pessoas que mais te amam.
Te amo muito!
Estou aprendendo a viver sem você nesse plano...é difícil!
Ontem mesmo quase botei um copo de refri a mais na mesa...
E trocar a lâmpada da escada?Nem subindo na cadeira eu consegui!!!rs
Sei que vou superar sua perda física, mas você viverá eternamente em cada lembrança minha!Isso me conforta.
Como você cresceu nos seus últimos 3 dias...pude estar ao seu lado vendo tudo e aprendi um pouco também! Coisas que só nós podemos entender...
Sei que um dia a gente ainda vai se encontrar.
A vida é eterna e eu ainda aguardo por ela.

Quem tiver uma pessoa especial que nunca negue uma palavra amiga! Viva cada dia como se fosse o último! Não deixe nada inacabado!Dê todo amor que você puder dar e não perca tempo com bobagens!Foi isso que eu fiz e hoje eu vejo o benefício disso.
O nosso tempo aqui é muito curto para nos apegarmos a valores tão fúteis!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Aprendi que, aconteça o que acontecer, pode até parecer ruim hoje, mas a vida continua e amanhã melhora.
Aprendi que dá para descobrir muita coisa a respeito de uma pessoa observando como ela lida com três
coisas:
dia de chuva, bagagem perdida e luzes de árvore de natal emboladas.
Aprendi que, independentemente da relação que você tenha com seus pais, vai ter saudade deles quando se
forem.
Aprendi que ganhar a vida não é o mesmo que ter uma vida.
Aprendi que a vida, às vezes, nos oferece uma segunda oportunidade.
Aprendi que a gente não deve viver tentando agarrar tudo pela vida afora.
Tem que saber abrir mão de algumas coisas.
Aprendi que quando decido alguma coisa com o coração, em geral vem a ser a decisão correta.
Aprendi que mesmo quando tenho dores, não tenho que ser um saco.
Aprendi que todo dia a gente deve estender a mão e tocar alguém.
As pessoas adoram um abraço apertado, ou mesmo um simples tapinha nas costas.
Aprendi que ainda tenho muito o que aprender.
Aprendi que as pessoas esquecem o que você diz, esquecem o que você faz, mas não esquecem como você faz
com que elas se sintam.
Maya Angelu

Maya Angelu é uma atriz, escritora e historiadora norteamericana.
Ela é negra e tem 71 anos.
Foi violentada pela namorado da mãe quando tinha 7 anos e aos 17 assumiu ser mãe solteira, quando quase ninguém tinha coragem de fazer isso.
No aniversário de 70 anos, ela fez uma declaração emocionante sobre o processo de envelhecimento, uma etapa na vida de todos nós.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Parábola dos porcos-espinhos

Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio.
Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos.
Assim eles se agasalhavam e se protegiam mutuamente.
Mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos.
E justamente os que ofereciam mais calor.

Por isso, eles decidiram se afastar uns dos outros.
E voltaram a morrer congelados. era preciso, então, fazer uma escolha:
Ou desapareceriam da terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros.

Com sabedoria, os porcos espinhos decidiram voltar a ficar juntos.
Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar.
O mais importante, eles sabiam, era o calor do outro.
E assim sobreviveram.

O melhor de um relacionamento não é unir pessoas perfeitas.
É conseguir que cada um aprenda a conviver com os defeitos do outro e a admirar suas qualidades.

Se os porcos espinhos aprenderam a viver assim, nós, humanos, podemos fazer muito mais, né mesmo?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Gratidão

Nossos pais ensinam que é educado agradecer quando recebemos algo.
Eu, que fui bem educada, aprendi a dizer obrigada logo que comecei a falar...
Mas levei anos pra entender que não é só uma questão de educação... é necessidade... é filosofia de vida.

Agradecer é um dos atos mais felizes que alguém pode praticar.
Mas nem todo mundo sabe a importância da gratidão.
No meu entender, a gratidão deve vir antes do pedido.
Antes do prêmio.
Antes da conquista.
Dizer obrigado assim que a gente abre os olhos de manhã, é confiar no bem que está pra acontecer.
Parece complicado, mas é simples.

Quando a gente se acostuma a agradecer, percebe que as coisas fluem com mais confiança. mais certeza...
E o medo vai embora.
Dizer obrigado antes de desejar, é acreditar na realização.

Dizer obrigado em vez de lamentar, diminui as perdas.
Dizer obrigado nos coloca numa condição gostosa de viver nesse mundo. Quer coisa mais legal do que agradecer por estarmos vivos?

Experimenta só dizer obrigado por tudo o que você tem...
E pelo que nem tem ainda...
Você não faz ideia da energia positiva que essa simples palavrinha é capaz de atrair. Depois você me conta...
Eu, que já sou grata pela chance de falar dessas coisas que me fazem um bem enorme...
Fico mais grata ainda por ter você aí, me ouvindo com tanto carinho.
Obrigada mesmo!

Lena Gino

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Todo homem sofre da "síndrome paulo maluf"

Tem coisa mais irritante que homem na cozinha?
Pois os moços passaram séculos longe do fogão e, como não poderia deixar de ser, no momento em que colocaram os pés 44 naquele território, viraram todos, chefs'.

Você dá o maior duro azarando o cara, finalmente, descola um convite e sai de casa, crente que "quer jantar na minha casa?"
Significa "oba, vai rolar sexo"!

Toca a campainha vestida para matar sob o modelito vermelho, levando debaixo do braço aquele tinto francês que comprou no supermercado, seguindo seu infalível critério de "rótulo bacaninha que lembra gravura 'art nouveau' do alphonse mucha".

Aqui, primeira dica importante:
Não ouse dizer que o vinho veio do supermercado, senão você vai ouvir uma longa preleção mais ou menos na linha “eles deixam as garrafas em pé...
Blábláblá....
Vinho europeu não viaja bem...
Blábláblá...
A rolha resseca....
Blábláblá.."

Também nem tente argumentar qualquer coisa, confiando naquele curso de degustação de vinhos que você fez há quatro anos, lembra?
Lembra nada!
Você saía totalmente chumbada de lá todas às vezes..

Pois para sua decepção, quem estará à porta, será uma criatura com ar grave de alquimista prestes a descobrir o segredo de midas, reclamando da dificuldade de se encontrar uma boa pimenta jamaicana, embrulhado em um avental imenso, engomado, com monograma bordado, imaculadamente branco e, para o seu azar, sem aquela abertura atrás - e você, louca pra vê-lo cozinhando um miojo de bum-bum de fora, né?

Confessa...
É compreensível, meninas. Os homens estão sofrendo de uma espécie de novo-riquismo culinário.

Ele torrou 22 mil dólares num modelo italiano de sete bocas, com grelha, chapa infravermelha para aquecer comida e dois fornos programáveis.
Fazer as poções mágicas em panelinhas com teflon pra lavar mais facilmente?

Duas horas e meia depois, o jantar está servido.
Sabe aquele frango refogado que você faz em vinte minutos, jogando um punhado de temperos a olho?

É mais ou menos isso, só que coberto por uma finíssima fatia de manga, arrematada com umas três ou quatro lascas de gengibre.
Isso se não vier acompanhado daquele molho de ervas finas que não combina com nada, e ele insiste em colocar em tudo.

E pensar que você estava rezando pra que aquela manga fosse virar sobremesa, escoltada por uma bolota de um reles sorvetinho....

Conselho de quem não quer que você arruíne definitivamente a noite: tem de dizer que ele tá "ali, ó" com emmanuel bassoleil.

Fim do banquete, vá arregaçando as mangas para ajudar a lavar louça.

Se deixar por conta dele, serão mais duas horas esfregando as três panelas de cobre, duas de pedra sabão e o processador de alimentos que sujou 7 peças pra picar salsinha, equipamentos rigorosamente necessários para cozinhar uns 250g de frango.

Hora do café, hora do relax, certo?
Pelo menos agora, você finalmente vai experimentar a tal griffe italiana, que custou a ele uma nota preta, sem imaginar que o elogiadíssimo blend tem cerca de dois terços de café brasileiro.

Quando a água ferve, ele grita e de um salto, chega ao coador.
Queimadura?
Não, puro horror, porque "água para café não pode ferver de jeito nenhum".
Ah, que saudades daquele tempo em que cozinhávamos com um "ajudante" tarado, encostado na gente na pia...

Martha Medeiros

domingo, 13 de dezembro de 2009

Eternidade

O que eu tenho não me pertence
Embora faça parte de mim.
Tudo o que sou me foi um dia emprestado pelo criador, para que eu possa dividir com aqueles que entram na minha vida.

Ninguém cruza nosso caminho
Por acaso e nós não entramos na
Vida de alguém sem nenhuma razão.
Há muito o que dar e o que receber. Há muito o que aprender, com experiências boas ou negativas.

É isso... Tente ver as coisas negativas que acontecem com você como algo que acontece por uma razão precisa.
E não se lamente pelo ocorrido. Além de não servir de nada reclamar, isso vai lhe vendar os olhos para continuar seu caminho.

Dê de você mesmo o quanto puder! Quando você se for, a única coisa que vai deixar é a lembrança do que fez aqui.

Seja bom, tente dar sempre o primeiro passo, nunca negue uma ajuda ao seu alcance.
Perdoe e dê de você mesmo.
Seja uma benção!

Deus não vem em pessoa para abençoar.
Ele usa os que estão aqui dispostos a cumprir essa missão.
Todos nós podemos ser anjos.

A eternidade está nas mãos de
Todos nós. Viva de maneira que, quando você se for, muito de você ainda fique naqueles que tiveram a boa ventura de encontrá-lo!!!

Chico Xavier

sábado, 12 de dezembro de 2009

Gentileza

Você já ficou surpreso por que algum desconhecido foi gentil com você?

Muitas pessoas nem sentem, mas já se acostumaram com a falta de gentileza...
E quando ela acontece, vira um evento.

As relações ficaram tão frias, que o normal é a secura, a indiferença e até a hostilidade.

As pessoas parecem estar mais preparadas para se defender de ofensas do que receber palavras doces e gestos de carinho.

A gentileza virou artigo de luxo, peça de antiquário...
Virou memória.

Tem gente que desconfia de homem muito gentil...
Dizem logo que é gay.

Mulheres muito gentis são vistas como frescas ou falsas.

O mundo perdeu a referência de gentileza, de delicadeza.

Ser xingado no trânsito virou rotina. Ser destratado por quem ganha para servir, é comum nos estabelecimentos.

A gente se depara com caras feias, impaciência e maus humores o tempo todo. até mesmo em casa...

Mas eu não me acostumo com isso, não!

Eu quero gentileza pra minha vida. e quero ser gentil também.

Quero ser tratada com respeito, com carinho...
Tratada como gente, que é exatamente o que a palavra gentileza sugere...
Gentileza é coisa de gente!

A juventude já não acha necessário dar o lugar para os idosos no ônibus, no metrô, nas filas.

Os homens já não praticam a delicadeza com o sexo oposto.

As mulheres, por sua vez, se emanciparam e dispensam o cavalheirismo, porque acham que está fora de moda.

Eu quero gentileza, sim. De homens, de mulheres, de crianças, de estranhos.

Quero o gesto sutil, o telefonema de agradecimento, o bilhete de boas vindas, as flores, os bombons...

Eu quero um simples olhar de sinceridade, porque ser verdadeiro é ser gentil também...

Eu quero a gentileza pela gentileza. Por menor que seja o gesto...
Ele faz bem, é necessário...
E essencial!

Lena Gino

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O Comum a Todas as Religiões

Para a vasta massa humana, em todos os tempos, pagã, budista, cristã, maometana, selvagem ou culta, a Religião terá sempre por fim, na sua essência, a súplica dos favores divinos e o afastamento da cólera divina; e, como instrumentação material para realizar estes objetos, o templo, o padre, o altar, os ofícios, a vestimenta, a imagem. Pergunte a qualquer mediano homem saído da turba, que não seja um filósofo, ou um moralista, ou um místico, o que é Religião. O inglês dirá: É ir ao serviço ao domingo, bem vestido, cantar hinos. O hindu dirá: É fazer poojah todos os dias e dar o tributo ao Mahadeo. O africano dirá:É oferecer ao Mulungu, a sua ração de farinha e óleo. O minhoto dirá: É ouvir missa, rezar as contas, jejuar a sexta-feira, comungar pela Páscoa. E todos terão razão, grandemente! Porque o seu objeto, como seres religiosos, está todo em comunicar com Deus, e esses são os meios de comunicação que os seus respectivos estados de civilização e as respectivas liturgias que deles sairam, lhes fornecem.

Eça de Queirós, em 'A Correspondência de Fradique Mendes'

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Escrever é Triste

Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália, puré de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.
O que você perde em viver, escrevendo sobre a vida. Não apenas o sol, mas tudo que ele ilumina. Tudo que se faz sem você, porque com você não é possível contar. Você esperando que os outros vivam, para depois comentá-los com a maior cara-de-pau ("com isenção de largo espectro", como diria a bula, se seus escritos fossem produtos medicinais). Selecionando os retalhos de vida dos outros, para objeto de sua divagação descompromissada. Sereno. Superior. Divino. Sim, como se fosse deus, rei proprietário do universo, que escolhe para o seu jantar de notícias um terremoto, uma revolução, um adultério grego — às vezes nem isso, porque no painel imenso você escolhe só um besouro em campanha para verrumar a madeira. Sim, senhor, que importância a sua: sentado aí, camisa aberta, sandálias, ar condicionado, cafezinho, dando sua opinião sobre a angústia, a revolta, o ridículo, a maluquice dos homens. Esquecido de que é um deles.
Ah, você participa com palavras? Sua escrita — por hipótese — transforma a cara das coisas, há capítulos da História devidos à sua maneira de ajuntar substantivos, adjetivos, verbos? Mas foram os outros, crédulos, sugestionáveis, que fizeram o acontecimento. Isso de escrever «O Capital» é uma coisa, derrubar as estruturas, na raça, é outra. E nem sequer você escreveu «O Capital». Não é todos os dias que se mete uma ideia na cabeça do próximo, por via gramatical. E a regra situa no mesmo saco escrever e abster-se. Vazio, antes e depois da operação.

Claro, você aprovou as valentes ações dos outros, sem se dar ao incómodo de praticá-las. Desaprovou as ações nefandas, e dispensou-se de corrigir-lhes os efeitos. Assim é fácil manter a consciência limpa. Eu queria ver sua consciência faiscando de limpeza é na ação, que costuma sujar os dedos e mais alguma coisa. Ao passo que, em sua protegida pessoa, eles apenas se tisnam quando é hora de mudar a fita no carretel.
E então vem o tédio. De Senhor dos Assuntos, passar a espectador enfastiado do espetáculo. Tantos fatos simultâneos e entrechocantes, o absurdo promovido a regra de jogo, excesso de vibração, dificuldade em abranger a cena com o simples pai de olhos e uma fatigada atenção. Tudo se repete na linha do imprevisto, pois ao imprevisto sucede outro, num mecanismo de monotonia... explosiva. Na hora ingrata de escrever, como optar entre as variedades de insólito? E que dizer, que não seja invalidado pelo acontecimento de logo mais, ou de agora mesmo? Que sentir ou ruminar, se não nos concedem tempo para isto entre dois acontecimentos que desabam como meteoritos sobre a mesa? Nem sequer você pode lamentar-se pela incomodidade profissional. Não é redator de boletim político, não é comentarista internacional, colunista especializado, não precisa esgotar os temas, ver mais longe do que o comum, manter-se afiado como a boa peixeira pernambucana. Você é o marginal ameno, sem responsabilidade na instrução ou orientação do público, não há razão para aborrecer-se com os fatos e a leve obrigação de confeitá-los ou temperá-los à sua maneira. Que é isso, rapaz. Entretanto, aí está você, casmurro e indisposto para a tarefa de encher o papel de sinaizinhos pretos. Concluiu que não há assunto, quer dizer: que não há para você, porque ao assunto deve corresponder certo número de sinaizinhos, e você não sabe ir além disso, não corta de verdade a barriga da vida, não revolve os intestinos da vida, fica em sua cadeira, assuntando, assuntando...

Carlos Drummond de Andrade, em 'O Poder Ultrajovem'

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O cego de Nascença

"Havia um cego de nascença que dizia: ' Não creio no mundo da luz. Não existem coisas brilhantes ou sombrias. Não existe Sol, nem Lua, nem estrelas, nem alguém que jamais tivesse visto tais coisas.'

Seus amigos reprovavam essa teimosia; mas ele continuava firme nas suas opiniões. 'O que pensais ver não é mais que ilusão. Se as cores realmente existissem, eu as poderia sentir pelo tato; elas não têm, pois, substância, realidade.'

Havia, esse tempo, um grande médico que veio ver o cego. Misturou ele quatro símplices, ministrou-os ao cego e o cego começou a ver.

O Buddha é semelhante ao médico: ele abre os olhos do espírito; e os quatro símplices são as quatro Verdades*."

Fonte: As palavras de Buddha, Ediouro

Pior que isso é o que vê a verdade com os próprios olhos e continuar cego.
Tem o que não adianta falar o que a gente não só vê como experimenta e comprova que a pessoa não acredita, não reconhece nossas provas e tampouco se esforça para encontrar uma prova contrária. São cegos de alma, pessoas que ignoram a consciência, não se importam em evoluir e vivem de sentimentos fúteis esperando o dia da morte.
É do tipo de gente que assina revista Época para ler as manchetes no banheiro ou compra a revista Você S.A. para enfeitar o escritório. Vivem de aparência pois é tudo o que tem. Usam a mentira para encobrir a covardia. Se escondem nas injúrias.

Infelizmente "eu ainda tenho muito o que evoluir e não posso evoluir por ninguém ou com ninguém.

*As quatro Verdades: a dor, a origem da dor, a libertação da dor, a via que conduz à libertação da dor.
A dor é o "khanda" que formam o ser humano: a corporeidade, as sensações, as representações, as formações e o conhecimento.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Atenção aos Detalhes do Comportamento dos Outros

Devemos ter muito cuidado para não emitir uma opinião demasiado favorável de um homem que acabamos de conhecer; pelo contrário, na maioria das vezes, seremos desiludidos, para nossa própria vergonha ou até para nosso dano. A esse respeito, uma sentença de Sêneca merece ser mencionada: Podem-se obter provas da natureza de um caráter também a partir de miudezas. Justamente nestas é que o homem, quando não se procura conter, é que revela o seu caráter. Nas ações mais insignificantes, em simples maneiras, pode-se amiúde observar o seu egoísmo ilimitado, sem a menor consideração para com os outros e que, em seguida, embora dissimulado, não se desmente nas grandes coisas.
Não se deve perder semelhante oportunidade. Quando alguém procede sem consideração nos pequenos acontecimentos e circunstâncias da vida diária, intentando obter vantagens ou comodidade, em prejuízo de outrem, nas coisas em que se aplica a máxima da lei não se ocupa com ninharias, ou ainda apropriando-se do que existe para todos, etc., podemos convencer-nos de que no coração de tal indivíduo não reside justiça alguma; ele será um patife também nas grandes situações, caso as suas mãos não sejam atadas pela lei e pela autoridade.
Não lhe permitamos, pois, que transponha a soleira da nossa porta.
Sim, quem viola sem escrúpulos as leis do seu clube, violará também as do Estado tão logo possa fazê-lo sem perigo.

Arthur Schopenhauer

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Nada nos Faz Acreditar Mais do que o Medo

Nada nos faz acreditar mais do que o medo, a certeza de estarmos ameaçados.
Quando nos sentimos vítimas, todas as nossas ações e crenças são legitimadas, por mais questionáveis que sejam.
Os nossos opositores, ou simplesmente os nossos vizinhos, deixam de estar ao nosso nível e transformam-se em inimigos. Deixamos de ser agressores para nos convertermos em defensores. A inveja, a cobiça ou o ressentimento que nos movem ficam santificados, porque pensamos que agimos em defesa própria. O mal, a ameaça, está sempre no outro. O primeiro passo para acreditar apaixonadamente é o medo. O medo de perdermos a nossa identidade, a nossa vida, a nossa condição ou as nossas crenças. O medo é a pólvora e o ódio o rastilho. O dogma, em última instância, é apenas um fósforo aceso.

Carlos Ruiz Zafón, em 'O Jogo do Anjo'

domingo, 6 de dezembro de 2009

A Comédia do Ambicioso

Um homem que aspira a coisas grandes considera todo aquele que encontra no seu caminho, ou como meio, ou como retardamento e impedimento, - ou como um leito de repouso passageiro. A sua bondade para com os outros, que o caracteriza e que é superior, só é possível quando ele atinge o seu máximo e domina. A impaciência e a sua consciência de, até aqui, estar sempre condenado à comédia – pois mesmo a guerra é uma comédia e encobre, como qualquer meio encobre o fim -, estraga-lhe todo o convívio: esta espécie de homem conhece a solidão e o que ela tem de mais venenoso.

Friedrich Nietzsche, em 'Para Além de Bem e Mal'

sábado, 5 de dezembro de 2009

Hoje acordei com vontade de escrever um pouco mais...

O medo de morrer pode só estar escondendo o medo de viver.
Não deixem que esse medo domine a sua vida!
Apenas viva, lute, supere-se!
Não viva em busca de dar a volta por cima de alguma situação causada alguém para só mostrar que é superior.
Você não pode controlar a atitude das pessoas. Viva para o seu crescimento independente de outras pessoas.
Doe-se!

Entenda o que Jesus quis quando disse não ser aqui o reino dele e quando declarou:
Não penseis que eu tenha vindo trazer a paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a espada; - porquanto vim separar de seu pai o filho, de sua mãe a filha, de sua sogra a nora; - e o homem terá por inimigos os de sua própria casa. (S. Mateus, 10:34 a 36)

Vim para lançar fogo à Terra; e que é o que desejo senão que ele se acenda? - Tenho de ser batizado com um batismo e quanto me sinto desejoso de que ele se cumpra!

Julgais que eu tenha vindo trazer a paz à Terra? Não, eu afirmo; ao contrário, vim trazer a divisão; - pois doravante, se se acharem numa casa cinco pessoas, estarão elas divididas umas contra as outras: três contra duas e duas contra três. - O pai estará em divisão com o filho e o filho com o pai, a mãe com a filha e a filha com a mãe, a sogra com a nora e a nora com a sogra.(S.Lucas, 12:49 a 53.)

Infelizmente, os adeptos da doutrina de Cristo não se entenderam quanto a interpretação das palavra do Mestre cheias de figuras de linguagem e alegorias. Nasceram vária doutrinas, cada uma se diz exclusiva dona da verdadeira interpretação. Na minha opinião uma das piores interpretações é aquela que faz os membros de uma doutrina ajudarem somente os que compartinham das mesmas crenças. É fato que as religiões, intolerantes, causam guerras que já mataram mais que qualquer guerra política.

Cabe a culpa a doutrina de Cristo? Não, decerto que ela formalmente condena a violência, prega a tolerância.
Alguma vez Jesus disse aos discípulos: Ide, matai, massacrai, queimai os que não crerem como vós? Também não! O que disse foi: Todos os homens são irmão e Deus é soberanamente misericordioso; amai o vosso próximo; amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos persigam. Quem matar com a espada pela espada perecerá.
A responsabilidade pelas guerras pertence àqueles que interpretaram falsamente e a transformaram em instrumento próprio a lhes satisfazer as paixões;
Com a mentalidade das pessoas guiadas pelo egocentrismo, pelas paixões e pelo desejo primitivo de vingança não tem como a doutrina de cristo se estabelecer pacificamente.

Se for para lutar, lute contra você mesmo até vencer todo mal que a falta de virtudes causa. VIVA E SUPERE-SE! DOE-SE, mas não confunda caridade com publicidade! PRATIQUE O BEM MESMO QUE LHE DEVOLVAM INGRATIDÃO! Não desista disso nunca!

Existimos em Função do Futuro

Tentai apreender a vossa consciência e sondai-a. Vereis que está vazia, só encontrareis nela o futuro. Nem sequer falo dos vossos projetos e expectativas: mas o próprio gesto que surpreendeis de passagem só tem sentido para vós se projetardes a sua realização final para fora dele, fora de vós, no ainda-não. Mesmo esta taça cujo fundo não se vê - que se poderia ver, que está no fim de um movimento que ainda não se fez -, esta folha branca cujo reverso está escondido (mas poderia virar-se a folha) e todos os objetos estáveis e sólidos que nos rodeiam ostentam as suas qualidades mais imediatas, mais densas, no futuro.
O homem não é de modo nenhum a soma do que tem, mas a totalidade do que não tem ainda, do que poderia ter. E, se nos banhamos assim no futuro, não ficará atenuada a brutalidade informe do presente? O acontecimento não nos assalta como um ladrão, visto que é, por natureza, um Tendo-sido-Futuro. E, para explicar o próprio passado, não será a primeira tarefa do historiador procurar o futuro?

Jean-Paul Sartre, em 'Situações I'

kkkkkkk É Sartre, seu inferno realmente são os outros!!! Pessoas como os estoicistas deviam ser o calo do seu sapato!!!

Só Sente Ansiedade pelo Futuro aquele cujo Presente é Vazio

O principal defeito da vida é ela estar sempre por completar, haver sempre algo a prolongar. Quem, todavia, quotidianamente der à própria vida "os últimos retoques" nunca se queixará de falta de tempo; em contrapartida, é da falta de tempo que provém o temor e o desejo do futuro, o que só serve para corroer a alma. Não há mais miserável situação do que vir a esta vida sem se saber qual o rumo a seguir nela; o espírito inquieto debate-se com o inelutável receio de saber quanto e como ainda nos resta para viver. Qual o modo de escapar a uma tal ansiedade? Há um apenas: que a nossa vida não se projecte para o futuro, mas se concentre em si mesma. Só sente ansiedade pelo futuro aquele cujo presente é vazio. Quando eu tiver pago tudo quanto devo a mim mesmo, quando o meu espírito, em perfeito equilíbrio, souber que me é indiferente viver um dia ou viver um século, então poderei olhar sobranceiramente todos os dias, todos os acontecimentos que me sobrevierem e pensar sorridentemente na longa passagem do tempo! Que espécie de perturbação nos poderá causar a variedade e instabilidade da vida humana se nós estivermos firmes perante a instabilidade? Apressa-te a viver, caro Lucílio, imagina que cada dia é uma vida completa. Quem formou assim o seu carácter, quem quotidianamente viveu uma vida completa, pode gozar de segurança; para quem vive de esperanças, pelo contrário, mesmo o dia seguinte lhe escapa, e depois vem a avidez de viver e o medo de morrer, medo desgraçado, e que mais não faz do que desgraçar tudo.

Sêneca, em 'Cartas a Lucílio'

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

As Riquezas e as Honras

As riquezas e as honras são objeto da ambição dos homens, mas se não podem ser alcançadas por meios retos e honrados, cumpre renunciar a elas. A pobreza e as posições humildes merecem a aversão e o desprezo dos homens. Se delas não se pode sair por meios retos e honrados, é mister nelas permanecer. Se o homem abandona as virtudes humanitárias, como poderá merecer o nome que tem?
O homem superior não pode esquecer tais virtudes um momento que seja. Mesmo nas horas de maior apuro e confusão, deve pautar a sua conduta por elas.
Recuso-me a discutir com aquele que, pretendendo buscar a verdade, envergonha-se, ao mesmo tempo, de comer e vestir-se mal.

Confúcio, em "A Sabedoria de Confúcio"

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Arrependimento Imoral

O homem a quem o arrependimento, após o pecado, impõe grandes exigências morais, expõe-se à acusação de ter tornado a sua tarefa demasiado fácil. Não praticou o que é essencial na moral, a renúncia; com efeito, o comportamento
moral ao longo da vida é exigido em função dos interesses práticos da humanidade. O homem citado recorda-nos os bárbaros das grandes ondas migradoras, que matavam e depois faziam penitência, e para os quais fazer penitência acabou por se tornar uma técnica facilitadora do assassínio.

Sigmund Freud, em 'As Palavras de Freud'


O arrependimento não dura muito. É um excitante formidável mas só dura até se tornar um hábito.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O Poder do Acaso

"O acaso é um poder maligno, no qual se deve confiar o menos possível.
De todos os doadores, ele é o único que, ao dar, mostra ao mesmo tempo e com clareza que não temos direito nenhum aos seus bens, os quais devemos agradecer não ao nosso mérito, mas tão-só à sua bondade e graça, que nos permitem até nutrir a esperança alegre de receber, no futuro e com humildade, muitos outros bens imerecidos. Eis o acaso: mestre da arte régia de tornar claro o quanto, em oposição ao seu favor e à sua graça, todo o mérito é impotente e sem valor."

Arthur Schopenhauer

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A Fama Não Conhece Virtudes

As pessoas fazem exigências aos nomes que se tornam conhecidos de forma singular, não há diferença entre uma criança prodígio, um compositor, um poeta, um assassino. Há um que quer ter o seu retrato, o outro o seu autógrafo, um terceiro pede dinheiro, todos os colegas mais novos mandam os seus trabalhos com muitas lisonjas e pedem uma apreciação, e tanto faz não dar resposta como expressar a sua opinião, de repente aquele que venerava fica furioso, torna-se cruel e quer vingança.
As revistas querem publicar o retrato do homem, os jornais contam a sua vida, as suas origens, falam do seu aspecto. Colegas de escola fazem-se conhecidos, e parentes distantes queriam já há anos dizer que o primo havia de ser famoso.

Hermann Hesse, em "Gertrud"

Pior é quando a fama sobe à cabeça e a pessoa acredita ser superior a esses "meros motais" que a veneram.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Inutilidade do Viajar



Que utilidade pode ter, para quem quer que seja, o simples fato de viajar? Não é isso que modera os prazeres, que refreia os desejos, que reprime a ira, que quebra os excessos das paixões eróticas, que, em suma, arranca os males que povoam a alma. Não faculta o discernimento nem dissipa o erro, apenas detém a atenção momentaneamente pelo atrativo da novidade, como a uma criança que pasma perante algo que nunca viu! Além disso, o contínuo movimento de um lado para o outro acentua a instabilidade (já de si considerável!) do espírito, tornando-o ainda mais inconstante e incapaz de se fixar. Os viajantes abandonam ainda com mais vontade os lugares que tanto desejavam visitar; atravessam-nos voando como aves, vão-se ainda mais depressa do que vieram. Viajar dá-nos a conhecer novas gentes, mostra-nos formações montanhosas desconhecidas, planícies habitualmente não visitadas, ou vales irrigados por nascentes inesgotáveis; proporciona-nos a observação de algum rio de características invulgares, como o Nilo extravasando com as cheias de Verão, o Tigre, que desaparece à nossa vista e faz debaixo de terra parte do seu curso, retomando mais longe o seu abundante caudal, ou ainda o Meandro, tema favorito das lucubrações dos poetas, contorcendo-se em incontáveis sinuosidades, fazendo incessantemente ainda mais um circuito antes de enfim descansar no leito de que se aproxima. Mas viajar não torna ninguém melhor de carácter nem mais são de espírito. Teremos de nos aplicar ao estudo, de frequentar os mestres da filosofia, a fim de assimilarmos os princípios já estabelecidos e investigar o que ainda está por descobrir. Só assim a alma se pode arrancar à mais dura servidão e alcançar a verdadeira liberdade. Enquanto ignorares a distinção entre o evitável e o desejável, o necessário e o supérfluo, o justo e o injusto, o moral e o imoral — nunca serás um viajante, mas apenas um ser à deriva.As tuas deambulações não te trarão qualquer proveito, já que viajas na companhia das tuas paixões, seguido sempre pelos males que te dominam. E bom era que estes males apenas te seguissem! Bom era que eles estivessem longe de ti! O que se passa, porém, é que os levas em cima, e não atrás de ti. Deste modo, onde quer que estejas, eles oprimem-te, destroem-te com a mesma virulência. Um doente precisa que se lhe indique um remédio, não um panorama. Se um homem parte uma perna ou faz uma entorse não vai pôr-se a passear de carro ou de barco: manda, sim, é chamar um médico que lhe ligue o membro partido ou ponha no seu lugar o osso deslocado. Ora bem: acaso pensas tu que uma alma quebrada ou torcida em tantos lugares pode tratar-se com uma simples mudança de ambiente? Não, esta doença é demasiado grave para curar-se com um passeio! A formação de um médico ou de um orador não se faz em viagem; a aprendizagem de qualquer arte não depende da geografia. Como pensar que a sabedoria, a mais importante das artes, se pode adquirir saltando daqui para acolá?! Podes crer que nenhuma viagem te põe ao abrigo do desejo, da ira, do medo; se tal fosse o caso, todo o género humano começaria em massa a viajar. Estes males não cessarão de atormentar-te, de desgastar-te ao longo das tuas viagens, terrestres ou marítimas, enquanto tiveres em ti as suas causas. Admiras-te que de nada valha fugir quando tens dentro de ti aquilo de que foges?

Séneca, em 'Cartas a Lucílio'

domingo, 29 de novembro de 2009

Ateísmo

"Aquele que pode negar Deus diante de uma noite estrelada, diante da sepultura das pessoas que mais estima, diante do martírio, é muito infeliz ou muito culpado"
Giuseppe Mazzini - "I Doveri dell'Uomo"

sábado, 28 de novembro de 2009

La Espero (A esperança - hino esperantista)

En la mondon venis nova sento,
Tra la mondo iras forta voko;
Per flugiloj de facila vento
Nun de loko flugu ĝi al loko.

Ne al glavo sangon soifanta
Ĝi la homan tiras familion:
Al la mond' eterne militanta
Ĝi promesas sanktan harmonion.

Sub la sankta signo de l' espero
Kolektiĝas pacaj batalantoj,
Kaj rapide kreskas la afero
Per laboro de la esperantoj.

Forte staras muroj de miljaroj
Inter la popoloj dividitaj;
Sed dissaltos la obstinaj baroj,
Per la sankta amo disbatitaj.

Sur neŭtrala lingva fundamento,
Komprenante unu la alian,
La popoloj faros en konsento
Unu grandan rondon familian.

Nia diligenta kolegaro
En laboro paca ne laciĝos,
Ĝis la bela sonĝo de l' homaro
Por eterna ben' efektiviĝos.

Gratulon!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Ho! Bonege!



Senado aprova: Esperanto pode ser disciplina optativa nas escolas

Em 15/09, o site do Senado Brasileiro anunciou em sua página de comissões (Educação) sobre o ensino do Esperanto como matéria optativa, com o seguinte texto:

O esperanto - língua artificial criada para facilitar a comunicação internacional - passará a constituir "componente curricular facultativo" da grade escolar do ensino médio, segundo o Projeto de Lei do Senado (PLS) 27/08, de autoria do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que foi aprovado nesta terça-feira (15), em decisão terminativa, pela Comissão de Educação, Cultura e Esportes (CE).

Segundo o projeto, que teve como relator o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), a oferta da disciplina só será obrigatória caso haja demanda que a justifique. Em seu voto favorável, o relator observou que a universalização do conhecimento do esperanto "pode representar um fomento à paz entre as nações".

Votaram contra o projeto os senadores Gerson Camata (PMDB-ES) e Roberto Cavalcanti (PRB-PB). Segundo Camata, trata-se de um "projeto inútil", pois quem aprender o esperanto não terá com quem praticar a nova língua.

Essa é uma decisão histórica a favor do uso e divulgação da língua internacional Esperanto. A UNESCO/ONU por duas vezes, em 1954 e confirmada em 1985, solicitou aos seus estados-membros que divulgassem e ensinassem o Esperanto em suas escolas, como veículo de melhoria da compreensão entre as nações, como um meio pacífico de que os povos se relacionassem. O Senador Cristovam Buarque, um grande nome ligado a boa educação nesse país, tomou a dianteira dessa importante medida no Brasil. Vamos torcer para que o bom senso e o pacifismo mundial sejam brindados com aculturamento de nossos alunos, que certamente terão mais respeito pelos demais povos e nações. Sem polarizações econômicas, o Esperanto sabe levar respeito ao outro, a igualdade e a democracia tanto esperada na humanidade.

As repercussões em órgãos da imprensa na internet foi imediada. A revista ÉPOCA já relatou a medida em um texto bem equilibrado.

Autonomia

Dead Fish

Disse que daqui pra frente seguiria só

Não se prenderia a nada buscando algo melhor

Na esperança que consiga e não se engane

Hora de virar as costas e seguir...
Um dia ia acontecer

Sem deuses, sem mestres e sem mãos que aparem

Orgulhoso em ver

Daqui pra frente só você
Ouça a música e dance como um louco buscando por autonomia

Deixe seu coração baterNão sinta vergonha, feche os olhos, agora guie sem as mãos

Deixe seu coração bater

Completou: "Aquele não era mais o caminho."

Estar na comunidade era morrer

Teve coragem de dizer: "Isso não me diz nada mais..."

Preferiu enfrentar todas as acusações
E tatear no escuro

Honestidade pra manter o sangue quente

Orgulhoso em ver

Daqui pra frente só você

Ouça a música e dance como um louco buscando por autonomia

Deixe seu coração baterNão sinta vergonha, feche os olhos, agora guie sem as mãos

Deixe seu coração bater

Nem errado, nem certo

Nem bem, nem mal

Nem rico, nem pobre

Vencedor ou perdedor

Humilde ou soberbo

Apenas trilhando algo que é só seu

Dentro e fora de moldes

Criando outros clichês


Ouça a música e dance como um louco buscando por autonomia

Deixe seu coração bater

Não sinta vergonha, feche os olhos agora, guie sem as mãos

Deixe seu coração bater
Por liberdade e mais ação

Deixe seu coração bater

Por mais um sonho, outra mentira

Deixe seu coração bater

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Racionalidade Irracional

Eu digo muitas vezes que o instinto serve melhor os animais do que a razão a nossa espécie. E o instinto serve melhor os animais porque é conservador, defende a vida. Se um animal come outro, come-o porque tem de comer, porque tem de viver; mas quando assistimos a cenas de lutas terríveis entre animais, o leão que persegue a gazela e que a morde e que a mata e que a devora, parece que o nosso coração sensível dirá: que coisa tão cruel!
Não: quem se comporta com crueldade é o homem, não é o animal, aquilo não é crueldade; o animal não tortura, é o homem que tortura. Então o que eu critico é o comportamento do ser humano, um ser dotado de razão, razão disciplinadora, organizadora, mantedora da vida, que deveria sê-lo e que não o é; o que eu critico é a facilidade com que o ser humano se corrompe, com que se torna maligno.


Aquela ideia que temos da esperança nas crianças, nos meninos e nas meninas pequenas, a ideia de que são seres aparentemente maravilhosos, de olhares puros, relativamente a essa ideia eu digo: pois sim, é tudo muito bonito, são de fato muito simpáticos, são adoráveis, mas deixemos que cresçam para sabermos quem realmente são. E quando crescem, sabemos que infelizmente muitas dessas inocentes crianças vão modificar-se. E por culpa de quê? É a sociedade a única responsável? Há questões de ordem hereditária? O que é que se passa dentro da cabeça das pessoas para serem uma coisa e passarem a ser outra?
Uma sociedade que instituiu, como valores a perseguir, esses que nós sabemos, o lucro, o êxito, o triunfo sobre o outro e todas estas coisas, essa sociedade coloca as pessoas numa situação em que acabam por pensar (se é que o dizem e não se limitam a agir) que todos os meios são bons para se alcançar aquilo que se quer.
Falamos muito ao longo destes últimos anos (e felizmente continuamos a falar) dos direitos humanos; simplesmente deixámos de falar de uma coisa muito simples, que são os deveres humanos, que são sempre deveres em relação aos outros, sobretudo. E é essa indiferença em relação ao outro, essa espécie de desprezo do outro, que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional. Isso, de fato, não posso entender, é uma das minhas grandes angústias.

José Saramago, em 'Diálogos com José Saramago'

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Um pouco de Confucionismo...

"Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo"

"Na riqueza o homem sem virtude não encontra outra coisa senão os meios de satisfazer os seus vícios"

"O que destrói a criatividade é o senso do ridículo"

"Quem só conhece a justiça, não vale aquele que a ama"

Nunca se Escreve para Si Mesmo

O escritor não prevê nem conjectura: projeta. Acontece por vezes que espera por si mesmo, que espera pela inspiração, como se diz. Mas não se espera por si mesmo como se espera pelos outros; se hesita, sabe que o futuro não está feito, que é ele próprio que o vai fazer, e, se não sabe ainda o que acontecerá ao herói, isto quer simplesmente dizer que não pensou nisso, que não decidiu nada; então, o futuro é uma página branca, ao passo que o futuro do leitor são as duzentas páginas sobrecarregadas de palavras que o separam do fim.

Assim, o escritor só encontra por toda a parte o seu saber, a sua vontade, os seus projetos, em resumo, ele mesmo; atinge apenas a sua própria subjetividade; o objeto que cria está fora de alcance; não o cria para ele. Se relê o que escreveu, já é demasiado tarde; a sua frase nunca será a seus olhos exatamente uma coisa. Vai até aos limites do subjectivo, mas sem o transpor; aprecia o efeito de um traço, de uma máxima, de um adjetivo bem colocado; mas é o efeito que produzirão nos outros; pode avaliá-lo, mas não senti-lo.

Proust nunca descobriu a homossexualidade de Charlus, uma vez que a decidiu antes de ter começado o livro. E se a obra adquire um dia para o autor o aspecto de objetividade, é porque os anos passaram, porque a esqueceu, porque já não entra nela, e seria, sem dúvida, incapaz de a escrever. Aconteceu isto com Rousseau ao reler o Contrato Social no fim da vida.

Não é portanto verdade que se escreva para si mesmo: seria o pior fracasso; ao projetar as emoções no papel, a custo se conseguiria dar-lhes um prolongamento langoroso. O ato criador é apenas um momento incompleto e abstrato da produção de uma obra; se o autor existisse sozinho, poderia escrever tanto quanto quisesse; nem a obra nem o objeto veriam o dia, e seria preciso que pousasse a caneta ou que desesperasse.

Mas a operação de escrever implica a de ler como seu correlativo dialético, e estes dois atos conexos precisam de dois agentes distintos. É o esforço conjugado do autor e do leitor que fará surgir o objeto concreto e imaginário que é a obra do espírito. Só há arte para os outros e pelos outros.

Jean-Paul Sartre, em 'Situações II'

quarta-feira, 25 de novembro de 2009


Dois Rios
Composição: Samuel Rosa - Lô Borges - Nando Reis

O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro, é a escuridão
O céu que toca o chão E o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãos
Como eu fiz também
Só pra poder conhecer O que a voz da vida vem dizer
O sol é o pé e a mão
O sol é a mãe e o pai
Dissolve a escuridão O sol se põe se vai
E após se pôr
O sol renasce no Japão
Eu vi também
Só pra poder entender Na voz a vida ouvi dizer
Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros Sem direção
Que os braços sentem
E os olhos vêem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros Sem direção
Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção E o meu lugar é esse
Ao lado seu, no corpo inteiro
Dou o meu lugar pois o seu lugar
É o meu amor primeiro O dia e a noite as quatro estações

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O Efeito do Ciúme

Quanto mais se fala do próprio ciúme, mais os lugares que desagradaram aparecem de todos os lados; as menores circunstâncias os mudam, e fazem sempre descobrir algo de novo. Essas novidades fazem rever sob outros aspectos o que se acreditava ter visto e pesado o suficiente; tenta-se apegar a uma opinião e não se apega a nada; tudo o que é mais oposto e está mais apagado apresenta-se a um só tempo; quer-se odiar e quer-se amar, mas ama-se ainda quando se odeia, e odeia-se ainda quando se ama; acredita-se em tudo, e duvida-se de tudo; tem-se vergonha e despeito por ter acreditado e duvidado; trabalha-se incessantemente para deter a própria opinião, e nunca ela é conduzida para um lugar fixo. (...) Não se é feliz o bastante para ousar crer no que se deseja, nem mesmo feliz o bastante também para ter a certeza do que se teme mais. Fica-se sujeito a uma incerteza eterna, que nos apresenta sucessivamente bens e males que nos escapam sempre.

La Rochefoucauld, em 'Máximas'

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A Função do Escritor

O escritor escolheu a revelação do mundo e especialmente a revelação do homem aos outros homens para que estes adquiram, em face do objeto assim desnudado, toda a sua responsabilidade. Ninguém pode fingir ignorar a lei, porque há um código, e porque a lei é coisa escrita: depois disto, pode infringi-la, mas sabe os riscos que corre. Do mesmo modo, a função do escritor é fazer com que ninguém possa ignorar o mundo e que ninguém se possa dizer inocente.

Jean-Paul Sartre, em 'Situações II'

domingo, 22 de novembro de 2009

Mantra


Composição: Nando Reis / Arnaldo Antunes

Quando não tiver mais nada
Nem chão, nem escada
Escudo ou espada
O seu coração
Acordará!...

Quando estiver com tudo
Lã, cetim, veludo
Espada e escudo
Sua consciência
Adormecerá!...

E acordará no mesmo lugar
Do ar até o arterial
No mesmo lar
No mesmo quintal
Da alma ao corpo material...

Hare Krishna
Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama
Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Quando não se têm mais nada
Não se perde nada
Escudo ou espada
Pode ser o que se for
Livre do temor...

Hare Krishna
Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama
Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

Quando se acabou com tudo
Espada e escudo
Forma e conteúdo
Já então agora dá
Para dar amor...

Amor dará e receberá
Do ar, pulmão
Da lágrima, sal
Amor dará e receberá
Da luz, visão
Do tempo espiral...

Amor dará e receberá
Do braço, mão
Da boca, vogal
Amor dará e receberá
Da morte
O seu dia natal...

Aaadeeeus Dooooor...(4x)

Hare Krishna
Hare Krishna
Krishna Krishna
Hare Hare
Hare Rama
Hare Rama
Rama Rama
Hare Hare

A Idade só se Aplica às Pessoas Vulgares

A tendência para colocar uma ênfase especial ou organizar a juventude nunca me foi cara; para mim, a noção de pessoa velha ou nova só se aplica às pessoas vulgares. Todos os seres humanos mais dotados e mais diferenciados são ora velhos ora novos, do mesmo modo que ora são tristes ora alegres. É coisa dos mais velhos lidar mais livre, mais jovialmente, com maior experiência e benevolência com a própria capacidade de amar do que os jovens. Os mais idosos apressam-se sempre a achar os jovens precoces demasiado velhos para a idade, mas são eles próprios que gostam de imitar os comportamentos e maneiras da juventude, eles próprios são fanáticos, injustos, julgam-se detentores de toda a verdade e sentem-se facilmente ofendidos. A idade não é pior que a juventude, do mesmo modo que Lao-Tsé não é pior que Buda e o azul não é pior que o vermelho. A idade só perde valor quando quer fingir ser juventude.

Hermann Hesse, em 'Elogio da Velhice'

sábado, 21 de novembro de 2009

A Conversa pela Conversa

Quanto mais uma conversa é realmente uma conversa, menos o seu desenrolar depende da vontade de um ou de outro parceiro. Assim, portanto, a conversa efetivamente mantida jamais é a que queremos manter. Pelo contrário, em geral é mais exato dizer que somos arrastados, para não dizer enredados, numa conversa.

Hans-George Gadamer, em 'Verdade e Método'

Ontem mais uma vez isso foi confirmado!!!rsrsrsrsrs

Lesões afetivas

Um tipo de auxílio raramente lembrado: o respeito que devemos uns aos outros na vida particular
Caro é o preço que pagamos pelas lesões afetivas que causamos nos outros.
Nas ocorrências a Terra de hoje, quando se escreve e se fala tanto em torno de amor livre e de sexo liberado, muitos poucos são os companheiros encarnados que meditam nas consequências amargas dos votos não cumpridos.
Se habitas um corpo masculino, conforme as tarefas que te foram assinaladas, se encontraste essa ou aquela irmã que se te afinou com o modo de ser, não lhe desarticules os sentimentos, a pretexto de amá-la, se não está em condição de cumprir a própria palavra, no que tange a promessas de amor. E se moras presentemente num corpo feminino, para o desempenho de atividades determinadas, se surpreendeste esse ou aquele irmão que se harmonizou com as tuas preferências, não lhe perturbes a sensibilidade sob a desculpa de desejar-lhe a proteção, caso não esteja em posição de quem desfruta a possibilidade de honorificar os próprios compromissos.
Não comeces um romance de carinho a dois, quando não possas e nem queira manter-lhe a continuidade.
O amor, sem dúvida, é lei da vida, mas não nos será lícito esquecer os suicídios e homicídios, os abortos e crimes na sombra, as retaliações e as injúrias que dilapidam ou abrasam a existência das vítimas, espoliadas do afeto que lhes nutria as forças, cujas lágrimas e aflições clamam, perante a Divina Justiça, porque niguém no mundo pode medir a resistência de um coração quando abandonado por outro e nem sabe a qualidade das reações que virão daqueles que enlouquessem, na dor da afeição incompreendida, quando isso acontece por nossa causa.
Certamente que muitos desses delitos não estão catalogados nos estatutos da sociedade humana; entretanto, não passam despercebidos nas Leis de Deus que nos exigem, quando na condição de responsáveis, o resgate justo.
Tangendo este assunto, lembramo-nos automaticamente de Jesus, perante a multidão e a mulher sofredora, quando afirmou, peremptório; "aquele que estiver isento de culpa, atire a primeira pedra".
Todos nós, espíritos vinculados à evolução da terra, estamos altamente compromissados em matéria de amor e sexo, e , em matéria de amor e sexo irresponsáveis, não podemos estranhar os estudos respeitáveis nesse sentido, porque, um dia, todos seremos chamados a examinar semelhantes realidades, especialmente as que se relacionem conosco, que podem efetivamente ser muito amargas, mas que devem ser ditas.

EMMANUEL
Livro: Momentos de Ouro
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Começo a Conhecer-me. Não Existo

Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida ...
Sou isso, enfim ...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.

Álvaro de Campos, em "Poemas"
Heterônimo de Fernando Pessoa

Somos Quem Podemos Ser

Engenheiros do Hawaii
Composição: Humberto Gessinger

Um dia me disseram
Que as nuvens
Não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos
Às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração...

A vida imita o vídeo
Garotos inventam
Um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez...

Somos quem podemos ser...Sonhos que podemos ter...

Um dia me disseram
Quem eram os donos
Da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem
Essa prisão
E tudo ficou tão claro
O que era raro, ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum...

A vida imita o vídeo
Garotos inventam
Um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez...

Somos quem podemos ser...Sonhos que podemos ter...

Um dia me disseram
Que as nuvens
Não eram de algodão
Um dia me disseram que os ventos às vezes erram a direção
Quem ocupa o trono
Tem culpa
Quem oculta o crime
Também
Quem duvida da vida
Tem culpa
Quem evita a dúvida
Também tem...

Somos quem podemos ser...Sonhos que podemos ter...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Finalidade

Não existe sentimento que não tenha um fim. A questão é a proporcionalidade e o que você faz do sentimento. Sendo assim até o ódio pode ser bom e o amor, ruim.
Deus não teria criado os "maus" sentimentos sem um objetivo...
Todos os sentimentos habitam o homem.
Um sentimento não é criado pelo homem, se transforma pela ação do homem.
Um sentimento bom mal dosado jamais levará a uma felicidade duradoura.
Um sentimento ruim pode motivar um bom ou evitar outro sentimento pior.
Tudo se define em uma palavra: equilíbrio.
Como tudo o que há, somos parte do meio.
Somos o nosso meio.
Somos o nosso fim.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009


"Recordo que alguém perguntou uma vez a um
sábio se a humanidade se submergiria na
ignorância, supondo-se que algum dia fossem
destruídos todos os livros que existem no mundo.
E o sábio respondeu: “Duas coisas são necessárias
para reconstruir imediatamente todos os livros que
existem e se tivessem destruído: a Natureza, que é
o livro maior que há no Universo, e uma mente
que perceba e possa transmitir aos demais as
imagens que dela capte. As páginas desse
gigantesco livro são os dias e as
noites, que cada homem folheia
sem cessar enquanto dura
sua existência”.

González Pecotche

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O Homem de Bem

O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza.

Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.

Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas.

Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.

Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos.

Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.

O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam. Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor.

Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.

É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado."

Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las.

Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.

Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.

Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.

Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram.

O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.

Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus. Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.

Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O valor de um conselho


Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

Encontrava-me, sendo criança, em uma estância e, como todas as crianças, gostava de me afastar das casas e correr pelos campos. Um dia, saí montado em um petiço, com o propósito de ir até um rio muito distante, ao qual para chegar, tinha que atravessar montes e serras. Andando um pouco, encontrei no caminho o capataz da estância, acompanhado por alguns camponeses, que ao ver-me, perguntou amavelmente aonde ia; ao responder que me dirigia ao rio, disse-me:

– "Para chegar ao rio, terá que passar por três porteiras; tenha cuidado, menino, porque ali existe gado bravo, e quando vê gente nova é capaz de atacar".

Eu já tinha ouvido falar dessa boiada, mas mesmo assim decidi continuar o caminho. As porteiras que tinha que cruzar para chegar ao rio eram dessas antigas, cujos paus horizontais, superpostos, se introduzem nos orifícios de dois postes verticais colocados em ambos os lados do caminho.

Ao passar pela primeira, lembrei-me da recomendação do capataz, o qual me havia dito que a deixasse aberta ou só com o pau inferior colocado, para o caso de que a boiada corresse atrás de mim. Quando atravessei a segunda, esqueci-me da recomendação e afastei-me após ter fechado a porteira com todos os paus; ainda bem que ouvi, próximo, um burro zurrar, e crendo que fosse um leão, ou algo parecido, rapidamente voltei para tirá-los. Ao passar a terceira porteira, já próxima do rio, também tirei os paus.

Descia o vale, quando vi, de repente, a boiada pastando tranquila. "É a isto que chamam de gado bravo?" – disse-me, ao mesmo tempo em que decidia passar no meio dele. Não havia transcorrido um minuto, quando um touro enorme, que me pareceu de vinte ou trinta metros cúbicos, levantou a cabeça, olhou-me e, em seguida, começou a correr na minha direção e, com ele, todos os demais. Então sim, vi o perigo e fincando as esporas nas ilhargas do meu petiço, passei como um bólido pelas porteiras. Vendo que levava vantagem, ao chegar à última detive-me para fechá-la e deter, assim, a passagem das bestas.

Passado o mau momento, instantaneamente me recordei do capataz. Emocionei-me; enchi-me de ternura e compreendi quanto bem me havia feito sua palavra; uma palavra humana, uma advertência... Recordo que, quando lhe referi o ocorrido, me disse:

– "Ah! jovem, você se salvou porque tirou os paus da porteira. Meu filho foi morto por essa boiada."

Compreendi, nesse instante, quanto pode encerrar uma palavra e como penetra quando é dita para fazer o bem; compreendi, também, que esse homem tinha querido salvar em mim o seu próprio filho, e isto jamais pôde apagar-se entre as tantas recordações que existem em minha vida.

Vejam agora, o que encerram algumas palavras, e recordem quantas vezes terão escutado frases similares às que disse aquele homem do campo, sem que as conservassem na memória, causa pela qual, logo depois, tiveram de passar momentos angustiosos.

Eu guardo, para todos aqueles que de uma ou outra forma contribuíram para fazer-me mais grata a vida, uma eterna gratidão, e estampo nessa gratidão a lealdade com que conservo essa recordação, a qual jamais pôde empalidecer ali onde se encerra tudo quanto constitui a história de minha vida.

Recordar o bem recebido é fazer-se merecedor de tudo quanto amanhã possa nos ser oferecido. Não esqueçam que, quando um pai dá um conselho, é porque já viveu tudo o que esse conselho encerra e que, ao expressá-lo, quer evitar ao filho o que para ele foi motivo de sofrimento ou causou-lhe danos.

Trechos extraídos do livro Introdução ao Conhecimento Logosófico p. 206
Fundação Logosófica - www.logosofia.org.br

domingo, 15 de novembro de 2009

Respektu vivon



KUNIĜO DE ANIMO KUN KORPO

344. Ĉe kiu momento la animo kuniĝas kun la korpo?

Tiu kuniĝo ekestas en la sama momento de la embriigo, sed ĝi estas kompleta nur ĉe naskiĝo. Tuj de post la embriigo, la Spirito elektita por loĝi iun korpon, sin tenas ĉe tiu ĉi per fluideca ligilo, kiu ĉiam pli streĉiĝas ĝis la momento, kiam la infano venas en lumon; la krio, kiun tiam la jusnaskito ellasas, anoncas, ke tiu apartenas al la rondo de l’ vivantoj kaj de l’ servantoj de Dio.

La Libro de La Spiritoj – Reveno al la Enkorpa Vivo

RESPEKTU VIVON.
ABORTO NE.

sábado, 14 de novembro de 2009

CARAMBA!!! 2012 é showwwwwwwwwww!!! Adorei!Vi ontem e ninguém pode me contar o final!!!ha-ha-ha
Mas o presidente americano tinha que morrer como herói?!?!Foi a parte mentirosa do filme!!!rsrsrs
A hora do carro fez lembrar o Fabrício dirigindo!!!rsrsrs
Agora que eu vi esse filme posso aterrorizar mais o Claudio!!! MTO BOM!!! rsrsrs
***

O dia hj foi maravilhoso!Um lindo lugar, com lindas pessoas, fazendo um lindo rapel, comendo um lindo pastelzinho de camarão... Não posso reclamar da vida! Amigos são tudo!
E antes que venham me perguntar o que estou fazendo escrevendo uma hora dessas: Penso, logo não durmo!!!

Bonan Nokton!
Vi dormu bone!rsrsrs

Respeito, fator essencial da paz

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

Cada vez que se quis precisar as causas que determinaram as guerras, as rebeliões ou até mesmo as simples discórdias domésticas, chegou-se a tudo, menos ao que na verdade poderia ser tido como a razão principal ou, pelo menos, a que mais influiu no desencadeamento violento de tais conflitos ou perturbações.

Nunca se poderá negar que o respeito mútuo entre os povos e entre os homens seja o agente ou fator essencial da paz, já que, enquanto ele existe, se aplainam todos os caminhos que levam a encontrar soluções para as diferenças criadas. Ao contrário, caso deixem de ser respeitados os tratados que foram assinados em solenes cerimônias, e se violem também as normas do direito internacional, as guerras se tornam inevitáveis, pois nada há que fira mais a dignidade de uma nação, de um povo, de um homem do que sentir que essa dignidade foi depreciada pela falta de respeito. Quando isso ocorre, quando o respeito deixa de ser a fiança que resguarda os convênios e as considerações mútuas, começa a rachar-se a estrutura jurídica, econômica e social dos povos.

Coisa igual acontece dentro de cada nação, quando cessa o respeito às leis que a governam: depressa os direitos se quebram, sobrevindo a desorientação, a desconfiaça e o receio. E a tudo isso se deve ainda adicionar o relaxamento que se produz nas instituições, relaxamento que acaba por levar à anormalidade e a conflitos de toda espécie.

Não pode haver paz num povo se o respeito às leis e suas instituições deixa de ser garantia que ampara cada um em seus direitos e seus valores. Daí que, quando se burla a dignidade do homem, faltando com respeito à sua pessoa, sobrevêm as crises sociais, tão nefastas para a vida de povos e nações.

Respeitar para ser respeitado: eis uma expressão que, por ser axiomática, se explica por si mesma. Quando os homens de maior responsabilidade, por exemplo, os estadistas e demais figuras do governo, fazem desse respeito um culto e põem nisso sua mais fervorosa e sincera fé, instituindo-se em exemplos, atraem a simpatia e a adesão plena de seus povos e até mesmo do mundo, tal como se tem visto nestes dias.

Não existe uma lei que imponha o respeito, porquanto, bem se pode dizer, ele responde a uma lei natural. Em todos os tempos, o respeito constituiu o meio imprescindível que fez realizável a convivência entre os seres humanos. O homem, desde que nasce, como tudo o que se manifesta à vida no seio da Criação, deve inspirar respeito. Nada melhor se poderia fazer, portanto, para edificar a paz futura, do que conseguir que o respeito presida a todas as suas determinações, erigindo-o como algo inseparável de sua responsabilidade.

Fundação Logosófica - http://www.logosofia.org.br/

Como o respeito está em falta nas pessoas...
Fiquem em paz!