Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Para a maioria das pessoas, ser livre não é outra coisa do que fazer aquilo que a cada um mais apeteça; se está bem ou malfeito, isso não é o que importa, como tampouco é levado em conta quando lhes ocorre não fazer nada.
A liberdade se diferencia do livre-arbítrio pelo fato de que, enquanto a primeira tem sua expressão no externo, o último a tem no interno.
A liberdade de culto, de palavra, de comércio, como a de caráter político, social ou econômico, são produtos de uma manifestação que transcende o foro interno do homem. Essa liberdade é requerida por uma necessidade lógica da convivência humana e é, ao mesmo tempo, imprescindível para que as faculdades do indivíduo encontrem campo mais propício para seu desenvolvimento e função. Condená-lo a suportar uma opressão que o prive de sua liberdade é submetê-lo a um virtual embrutecimento.
Pode um homem ser privado de sua liberdade, não se permitindo à sua pessoa mover-se à vontade, porém o livre-arbítrio continuará atuando internamente, já que ninguém poderá impedir a atividade que os pensamentos possam desenvolver dentro de sua mente. Cervantes, por exemplo, quando concebeu e escreveu no cárcere a famosa obra em que sintetizou boa parte das observações que havia feito sobre a psicologia humana, e que o imortalizou na alma de seus semelhantes, deu uma prova evidente de que não havia sido privado do livre uso de suas faculdades mentais.
Não obstante, o livre-arbítrio, ou seja, o exercício da razão em correspondência direta com as demais faculdades do sistema mental, pode ser eclipsado, quer dizer, reduzido ao mínimo e até anulado, se o homem é privado, desde a infância, de promover o livre jogo das funções que concernem à sua inteligência, pois é obrigá-lo a fechar sua mente a toda reflexão útil, sobrevindo em conseqüência, repetimos, a atrofia de suas faculdades e o debilitamento da razão até ficar anulada.
A sociedade humana estabeleceu, no conjunto de suas leis, para suprimir o delito, a privação da liberdade. A delinquência, geralmente identificada na criminalidade, só foi castigada com a privação, imposta ao indivíduo, de todas as prerrogativas no uso e gozo de sua liberdade.
A liberdade humana, dentro da estrutura das leis que gravitam sobre a consciência do indivíduo, é a mais preciosa conquista da civilização atual. Ou se aceita o triunfo da barbárie, com os povos se confessando culpados de todas as agressões cometidas pela delinquência, passando, por conseguinte, a ser cativos dos próprios delinquentes, ou se proclama o triunfo da civilização, que é o da sensatez, e se tomam todas as medidas para rechaçar o mal e trazer de volta aos foros da razão aqueles que, à margem dela, contam com a conquista do mundo pelo cerceamento dos atributos mais caros para a dignidade humana.
Trechos extraídos do artigo da Coletânea da Revista Logosofia, Tomo 2, p.7-9.
Fundação Logosófica - www.logosofia.org.br
Para a maioria das pessoas, ser livre não é outra coisa do que fazer aquilo que a cada um mais apeteça; se está bem ou malfeito, isso não é o que importa, como tampouco é levado em conta quando lhes ocorre não fazer nada.
A liberdade se diferencia do livre-arbítrio pelo fato de que, enquanto a primeira tem sua expressão no externo, o último a tem no interno.
A liberdade de culto, de palavra, de comércio, como a de caráter político, social ou econômico, são produtos de uma manifestação que transcende o foro interno do homem. Essa liberdade é requerida por uma necessidade lógica da convivência humana e é, ao mesmo tempo, imprescindível para que as faculdades do indivíduo encontrem campo mais propício para seu desenvolvimento e função. Condená-lo a suportar uma opressão que o prive de sua liberdade é submetê-lo a um virtual embrutecimento.
Pode um homem ser privado de sua liberdade, não se permitindo à sua pessoa mover-se à vontade, porém o livre-arbítrio continuará atuando internamente, já que ninguém poderá impedir a atividade que os pensamentos possam desenvolver dentro de sua mente. Cervantes, por exemplo, quando concebeu e escreveu no cárcere a famosa obra em que sintetizou boa parte das observações que havia feito sobre a psicologia humana, e que o imortalizou na alma de seus semelhantes, deu uma prova evidente de que não havia sido privado do livre uso de suas faculdades mentais.
Não obstante, o livre-arbítrio, ou seja, o exercício da razão em correspondência direta com as demais faculdades do sistema mental, pode ser eclipsado, quer dizer, reduzido ao mínimo e até anulado, se o homem é privado, desde a infância, de promover o livre jogo das funções que concernem à sua inteligência, pois é obrigá-lo a fechar sua mente a toda reflexão útil, sobrevindo em conseqüência, repetimos, a atrofia de suas faculdades e o debilitamento da razão até ficar anulada.
A sociedade humana estabeleceu, no conjunto de suas leis, para suprimir o delito, a privação da liberdade. A delinquência, geralmente identificada na criminalidade, só foi castigada com a privação, imposta ao indivíduo, de todas as prerrogativas no uso e gozo de sua liberdade.
A liberdade humana, dentro da estrutura das leis que gravitam sobre a consciência do indivíduo, é a mais preciosa conquista da civilização atual. Ou se aceita o triunfo da barbárie, com os povos se confessando culpados de todas as agressões cometidas pela delinquência, passando, por conseguinte, a ser cativos dos próprios delinquentes, ou se proclama o triunfo da civilização, que é o da sensatez, e se tomam todas as medidas para rechaçar o mal e trazer de volta aos foros da razão aqueles que, à margem dela, contam com a conquista do mundo pelo cerceamento dos atributos mais caros para a dignidade humana.
Trechos extraídos do artigo da Coletânea da Revista Logosofia, Tomo 2, p.7-9.
Fundação Logosófica - www.logosofia.org.br
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