A novidade, em si mesma, nada significa, se não houver nela uma relação com o que a precedeu. Nem, propriamente, há novidade sem que haja essa relação.
Saibamos distinguir o novo do estranho - o que, conhecendo o conhecido, o transforma e varia; e o que aparece de fora, sem conhecimento de coisa nenhuma.
Entre os escritores que descendem com novidade da velha estirpe e os que aparecem por novos por pertencer a uma estirpe incógnita há a mesma diferença que há entre o homem que nos dá uma sensação de novidade por frases novas que diz e o que nos dá uma sensação de novidade, por, falando mal nossa língua, nos dizer estropiadamente qualquer frase dela.
Fernando Pessoa, em 'Ricardo Reis - Prosa'
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